Não querendo dizer que manter um blog ativo seja coisa para desocupados, devo confessar não ter passado pela minha cabeça que eu precisaria de mais tempo do que eu previ para postar semanalmente aqui, minha gente! Afinal, não é sempre que o mundo Belly Dance está, digamos assim, rendendo um bom papo.
O problema é sentar a bunda e escrever, mesmo. Af, que preguiça de internet... é uma dureza (e uma pobreza) ter quer ir até uma Lan para me conectar virtualmente com o universo.
Carambolas. Dia desses, durante um solene momento de tentativa de improviso frustrada, uma aluna (provavelmente frustrada com a situação ) mostrou uma certa indignação com o fato de minha escola não fazer milhares de apresentações anuais assim como certas academias aqui da região de Campinas. Como estávamos em uma aula complexa (sem razão de ser, uma vez que, em teoria, uma aluna que está há seis anos ativa na dança do ventre tenha a obrigação de saber improvisar), não quis perder meu tempo dando maiores explicações, especialmente porque a memória dela é curta demais para não se lembrar das zilhões de apresentações importantes que ela fez conosco durante esse período em que esteve no curso. Ainda assim, quero colocar aqui alguns pontos que considero importantes uma aluna ter em mente antes de entrar para uma escola de dança do ventre.
Antes de mais nada: a intenção da futura bailarina é aprender ou se exibir? Se a opção escolhida for a primeira, é para ela que dirijo esse post.
Em minha escola, ministramos cursos individuais ou em duplas. Não suportamos aulas em grupo simplesmente pelo fato de não acreditarmos, tendo por base inúmeras experiências, ser possível aprender a dança na íntegra em uma sala repleta de mulheres tão diferentes umas das outras. Com aulas particulares, leva-se em média dois anos para que uma aluna tenha conhecimento dos movimentos básicos da dança e de alguns outros estilos (além do balézinho que nossa Belly Dance pede) e possa apresentar uma coreografia bonita, sem muitos erros, com o mínimo de elegância que a dança exige.
Quem pratica dança do ventre, sabe que o curso é longo e extremamente complicado. Para muitas mulheres, é um verdadeiro teste de resistência. Há milhares de coisas para aprender e a impressão que se tem como aluna é que nunca teremos coordenação, classe ou charme o suficiente.
Aí a mané desavisada que está lendo esse post para e pensa: mas como assim? Eu estou há uma ano no curso e já dancei com véu, com taça e com o "pandeiro de dedo" (acreditem, eu já ouvi isso)!
Minha querida. você não dançou com esses objetos todos, não! Você pegou a taça e fez meia dúzia de rebolados, brincou de toalha de mesa com o véu de seda que sua professora te obrigou a comprar e bateu os snujs um no outro enquanto se contorcia em um shimmie de corpo inteiro. Lamento muitíssimo... Considerando que muitos estilos diferenciados dentro da dança do ventre necessitem de um instrumento típico e ritmo adequado, pressupõe-se que a aluna deva, no mínimo, saber fazer um improviso básico, ter um pouco de noção de dança clássica, se divertir com uma musiquinha popular e ainda ter condições de coreografar um solinho de derbake antes de se meter a espertinha de enfiar um par de snujs na mão ou dar uma surra no pandeiro. "Mas peraí, tia: isso leva um tempão! Quando vou me apresentar, então?"
Criar uma coreografia decente, limpar movimentos, decorar tudo e dar graça ao negócio leva, na melhor das hipóteses, três meses. Um grupo necessita de seis, no mínimo, para poder apresentar uma coisa bacana de se ver. Uma apresentação anual, é mais do que suficiente para uma aluna. Caso contrário, se oportunidades de apresentações surgirem no meio do caminho, a coreografia normalmente deverá ser sempre a mesma, uma vez que uma estudante de dança leva um bocado de tempo para conseguir improvisar sem pagar um mico homérico. O grande problema é que leva-se mais algumas semanas para treinar a dança e lá se vão mais alguns meses de aula perdida. E vamos combinar que ainda assim, o que vemos de apresentações desastrosas por aí dói!
A pergunta é: vale a pena entrar em um curso difícil para dançar uma música por ano e deixar de lado a oportunidade de dizer para as pessoas que você é uma bailarina de dança do ventre e não uma palhaça de circo? Para minha aluna indignada, deixo o recado: flor, nossa escola tem três ou quatro apresentações anuais, isso se as alunas desejarem, você está careca de saber disso. Desde o ano passado, você participou de apenas uma, lembra? Se sua intenção é entupir seu orkut de fotos só para mostrar para os outros que você dança, faça por onde. Espante a preguiça e treine mais, economize na balada e mande confeccionar uma roupa decente assim como suas colegas de curso e seja mais participativa, afinal, eu não posso fazer milagre. Outra coisinha: se você, leitora, curte a idéia de dançar na praça, na festa da uva, no campo de futebol do bairro aqui do lado ou em restaurante fast food, realmente aqui não é seu lugar.
Bjunda na bunda.
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