“Tia,
quero dançar no Mercado Persa, quero ser bailarina KK, quero ir pra Dubai,
quero ser profissional, quero ser a Dina (saura. Desculpem, é que só de
mencionar o nome dessa criatura já me dói na alma)!”
Ok,
minha filha, beleza. A pergunta é: você quer ser bailarina ou virar estrela?
Se
sua opção for a primeira, vamos lá, entonces.
Primeiro,
antes de querer alguma coisa, uma candidata a bailarina que vai trabalhar com
dança e quiçá viver dela precisa “ser” alguma coisa. De verdade, porque de
pseudo-profissional sem-noção e com o ego hiperinflado, o mundo está
abarrotado.
Então,
ela deve procurar uma boa professora de dança do ventre que, de preferência,
esteja atuando no mercado há no mínimo uns dez anos (pois creio eu que, a esta
altura, a profissional escolhida já tenha adquirido respeito por si mesma,
pelos outros e pela arte), e ver se é isso mesmo o que quer.
Se
o caminho for este, nossa candidata deve se preparar para trilhá-lo com
cautela, porque ele é longo e cheio de armadilhas.
Dois
ou três anos, às vezes mais, são necessários para uma aluna que realmente se dedica criar verdadeira
intimidade com a dança. A partir daí, ela deve começar a estudar. E muito!
Todos os estilos, cada um deles com muita atenção. Precisa conhecer os objetos
utilizados na dança e instrumentos que fazem parte de uma orquestra árabe, além
de ouvir muita música e exercitar o cérebro para o reconhecimento dos
infindáveis ritmos musicais. Tem que compreender que para cada estilo existe um
ritmo, para cada passo existe um instrumento, para cada música há uma
interpretação. É necessário que ela inteire-se acerca da história da dança e de
todos os aspectos políticos, sociais, culturais e religiosos em torno do
assunto, porque shimie todo mundo faz, a razão pela qual ele existe ninguém
quer saber.
Uma
candidata a “pro”, deve assistir vídeo atrás de vídeo, ir a shows, participar
de eventos, conversar com bailarinas, trocar ideias com músicos ou pessoas
envolvidas com a dança, escolher workshops a dedo ( a maioria não presta,
muitas “profissionais” ganham fortunas em cima da ingenuidade e deslumbramento
alheio). Tem que deixar a preguiça de lado e aprender a confeccionar seus
próprios trajes para valorizar o trabalho das bordadeiras que detonam a coluna
para transformar a gata borralheira em princesa (às vezes, nem com milagre elas
conseguem!).
A
futura profissional deve entender que cada bailarina tem um estilo e que
precisa respeitá-lo: não é porque a neguinha não faz arabesque que ela é
desatualizada. Mas ao mesmo tempo, tem que abrir a cabeça e ir atrás das
novidades, porém, aprendendo a diferenciar o que é bom do que é ruim. Ela não pode ter preconceitos (menino também
pode dançar, ok? Essa história de que homem não tem ventre é uma estupidez e a
dança que chamamos de “do ventre” não tem este nome nem aqui nem nas
Arábias...).
Agora,
se nossa candidata quiser virar “estrela”, ela nem vai precisar fazer muito
esforço. Pressupõe-se que pelo simples fato de ela ter esta pretensão, o ego
dela já está inflado o suficiente para fazê-la subir ao céus e se perder no
infinito!
Bjucu
Gente, desculpe, agora, depois de alguma reclamações, fui ver que eu tinha fechado os comentários para esse assunto! Sorry!
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